Policy Brief
Estratégias para veículos elétricos entre as principais montadoras: Comparando o Brasil com outros principais mercados
O estudo avalia as estratégias de implementação de veículos elétricos (EVs) das principais montadoras presentes no mercado brasileiro de veículos leves e compara àquelas adotadas em outras regiões.
Os resultados apontam para uma diferença significativa entre as metas de vendas de veículos elétricos no Brasil e nos demais grandes mercados: China, Europa, Estados Unidos, Japão, índia e República da Coreia. Nessas regiões, regulações mais rigorosas e incentivos específicos levaram as montadoras a assumirem compromissos sólidos de eletrificação.
No Brasil, por outro lado, as estratégias continuam voltadas principalmente para os veículos híbridos flex (gasolina–etanol), que apresentam emissões do poço à roda significativamente maiores do que os elétricos a bateria – o que é ainda mais relevante no contexto brasileiro devido à alta participação de fontes renováveis na matriz elétrica, resultando em emissões particularmente baixas. Com essa transição mais lenta para veículos a bateria, a redução das emissões pode ficar comprometida, colocando em risco a meta de neutralidade de carbono até 2050.
Figura 1. Participação de mercado de veículos elétricos por montadora, Brasil vs. média dos demais grandes mercados, 2023

A análise destaca as seguintes considerações:
A ausência de políticas públicas específicas para veículos elétricos permite que as montadoras continuem priorizando os veículos híbridos flex (gasolina–etanol) e a combustão interna. Sem um incentivo mais robusto à eletrificação, o Brasil pode enfrentar dificuldades para cumprir suas metas de neutralidade climática.
O Programa de Mobilidade Verde e Inovação (MOVER) estabelece uma meta de redução de 12% no consumo de energia até 2027 — menos ambiciosa do que programas internacionais equivalentes — e mantém incentivos fiscais para híbridos flex até 2026.
- Para alinhar o país às metas climáticas de longo prazo, o estudo propõe duas medidas prioritárias: metas mais restritivas de emissões na segunda fase do programa MOVER (2028–2032), incentivando montadoras a acelerarem investimentos em veículos elétricos; instrumentos econômicos de estímulo, como um sistema de feebate (bônus-malus) ou mecanismos tributários que favoreçam a adoção de veículos elétricos pelos consumidores.