Working Paper

Tecnologias de propulsão e emissões de CO2e: Comparação de veículos elétricos e híbridos por modelo e fabricante no Brasil

À medida em que o Brasil avança na descarbonização do setor de transportes, o mercado nacional de automóveis tem demonstrado um crescente interesse em veículos híbridos. O governo brasileiro prevê incentivos fiscais exclusivos para veículos híbridos flex até 2026, por meio do Programa Mobilidade Verde e Inovação (MOVER), enquanto as principais montadoras anunciaram investimentos com foco particular no desenvolvimento desta tecnologia. No entanto, vários fatores podem limitar o potencial dos híbridos flex em reduzir as emissões de gases de efeito estufa em relação a veículos elétricos.

Este estudo analisa as emissões de dióxido de carbono equivalente (CO2e) dos veículos vendidos no Brasil entre janeiro de 2023 e abril de 2024, considerando veículos híbridos suaves (MHEV), híbridos convencionais (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos a bateria (BEV). A avaliação de emissões de gases de efeito estufa foi conduzida no ciclo de vida do poço à roda, que abrange desde a extração de recursos naturais até a produção, distribuição e uso dos combustíveis.

Entre os principais achados, destaca-se o baixo potencial de descarbonização dos veículos híbridos: apenas 18 dos 64 modelos analisados apresentaram emissões abaixo da média de mercado, majoritariamente composto de veículos a combustão interna flex (ICEV). Além disso, há grande variação de emissões entre híbridos, alguns modelos chegam a emitir o dobro de outros dentro da mesma tecnologia de propulsão.

Entre as tecnologias híbridas, os PHEV têm o maior potencial de descarbonização. Se abastecidos exclusivamente com etanol e com autonomia elétrica dobrada, suas emissões poderiam ser reduzidas em 55%. Se a eletricidade utilizada na recarga fosse 100% renovável, essa redução chegaria a 72%. No entanto, mesmo nessas condições ideais, os PHEVs ainda emitiriam mais do que os elétricos carregados com a matriz energética brasileira atual e mais de oito vezes mais do que aqueles alimentados com eletricidade 100% renovável.