Working Paper

Emissões de gases de efeito estufa do ciclo de vida do hidrogênio como combustível marítimo e custo de produção do hidrogênio verde no Brasil

Em 2018, a Organização Marítima Internacional (IMO) definiu uma estratégia inicial para reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2050 em comparação com os níveis de 2008. Essa estratégia deve ser fortalecida em 2023. Para atingir esse objetivo, são cruciais combustíveis alternativos mais limpos, como o hidrogênio renovável obtido por eletrólise.

Este estudo estima as emissões de GEE do ciclo de vida e os custos de produção do hidrogênio renovável por eletrólise para aplicações marítimas no Brasil. Baseamos essa estimativa nos custo nivelado da produção de eletricidade renovável no país. Comparamos as emissões de GEE do ciclo de vida com as do óleo diesel marítimo convencional (MGO, do inglês marine gas oil) e entre diferentes rotas para produzir, transportar, armazenar e usar hidrogênio em aplicações marítimas.

Concluímos que o Brasil tem vantagens competitivas para produzir hidrogênio renovável por eletrólise, dado seu baixo custo em 2020 (US$ 3,5/kg) comparado ao de outras regiões, como a União Europeia (UE) e os Estados Unidos (US$ 6,4/kg e US$ 4,3/kg, respectivamente). O hidrogênio renovável brasileiro obtido por eletrólise (usando eletricidade renovável com adicionalidade) tem emissões de GEE de ciclo de vida 96% menores que as do MGO. A intensidade de GEE do hidrogênio renovável obtido por eletrólise (em g CO2e/MJ) é quase 80% menor que a da produção de hidrogênio a partir de gás natural pelo processo de reforma a vapor do metano (SMR, do inglês steam methane reforming) com captura e armazenamento de carbono (CCS, do inglês carbon capture and storage) e 90% menor sem CCS. Benefícios climáticos significativos só serão alcançados se a produção de hidrogênio utilizar eletricidade renovável adicional (emissões de GEE 80% menores em comparação com o hidrogênio produzido com eletricidade da rede).

Políticas robustas de incentivo são necessárias para a expansão inicial do hidrogênio. Esse apoio ajudaria a superar as barreiras técnicas de infraestrutura e armazenamento, incentivar aplicações marítimas e assegurar a rastreabilidade, garantindo assim seus benefícios de mitigação de GEE.

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