Análise operacional de ônibus elétricos a bateria em São Paulo
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Comparação das emissões de gases de efeito estufa no ciclo de vida de carros de passeio a combustão e elétricos no Brasil
O setor de transporte no Brasil se destaca devido ao seu forte foco em biocombustíveis, com a maioria dos carros de passageiros sendo veículos flex (92% das vendas em 2020), operando com uma proporção significativa de etanol à base de cana-de-açúcar na mistura média de combustível. Ainda assim, depois da agricultura e da mudança no uso da terra, o setor de transporte é a terceira maior fonte de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país. Alcançar a meta do Brasil de zerar as emissões de GEE líquidas até 2050 dependerá, portanto, de uma redução rápida das emissões de GEE nesse setor.
Este estudo avalia quais tipos de motores a combustão ou elétricos permitem a maior redução das emissões de GEE de carros de passageiros. A avaliação do ciclo de vida (ACV) inclui as emissões da fabricação de veículos e baterias, bem como a queima de combustível, a produção de combustível e eletricidade e a manutenção. O estudo compara veículos com motor de combustão interna flex (ICEVs) e veículos elétricos a bateria (BEVs) usando veículos novos médios nas categorias compacta, média e SUV compacto. Quando possível, as emissões de veículos elétricos híbridos (HEVs), veículos elétricos híbridos plug-in (PHEVs) e veículos elétricos a célula de combustível a hidrogênio (FCEVs) também são avaliadas.
O estudo constata que as emissões do ciclo de vida dos ICEVs flex variam amplamente quando operados com gasolina C, etanol ou uma mistura dos dois combustíveis. Isso implica que, para uma avaliação representativa de suas emissões, as proporções médias de gasolina C e etanol no mercado precisam ser consideradas. Com a matriz elétrica brasileira, os BEVs atuais emitem cerca de um terço das emissões do ciclo de vida dos ICEVs flex e os modelos futuros podem se aproximar de emissões zero. Os FCEVs a hidrogênio mostram uma redução semelhante nas emissões de GEE, mas somente quando operados com hidrogênio verde baseado em eletricidade renovável. Híbridos e híbridos plug-in, ao contrário, mostram apenas uma redução limitada nas emissões de GEE e não alcançam emissões zero a longo prazo. Essas descobertas refletem as mesmas tendências observadas em análises anteriores do ICCT de veículos na China, Europa, Índia e Estados Unidos.
Com base nessas descobertas, este estudo também apresenta uma série de recomendações de políticas para descarbonizar o setor de transporte. Em particular, metas ambiciosas nos padrões de emissões de CO2 do próximo Programa Mobilidade Verde e Inovação – PROMOVI (anteriormente Rota 2030) poderiam estabelecer as bases para aumentar continuamente a produção de veículos elétricos no Brasil. Isso ajudaria a alinhar o setor de transporte com as metas climáticas do governo. Além disso, incluir as emissões de mudança no uso da terra no programa de biocombustíveis RenovaBio ajudaria a melhorar a sustentabilidade do etanol.